Política, simplesmente

Quando passei em jornalismo na usp, eu mal sabia o que era política.
Tentaram me formar para ser crítico, mas acho que não conseguiram.
Precisei fazer filosofia e muitos anos depois acho que algo conseguiu captar meu gosto pela democracia.
Explico: sempre fui de classe média remediada, com ares de alta, e nunca vi o mundo do lado de baixo da linha do equador. Até que me fudi e vi que o buraco era mais embaixo.
Mas tudo era teoria, até então.
Foi quando vieram alguns eventos impossíveis de controlar.
Como quando fui ao Chile, assistir ao plebiscito contra o pinochet, numa caravana organizada pelo partido comunista chileno. Eu era chileno, saí da caravana em mendoza, consegui entrar no país, sem ser preso e/ou torturado. Mas me procuraram.
Mas eu não sabia o que era liberdade até então.
O collor caiu e eu me naturalizei com ele no poder.
Passaram-se anos de sofrimento que não cabe explicar aqui.
O collor caiu e eu achava que felicidade era sair com a moto por aí comemorando.
Casei, entrei na política do condomínio, tiramos uma administradora corrupta, virei conselheiro, presidente de assembléia, o escambau, até virar síndico. duas vezes.
Aprendi - acho.
Quando estouraram as manifestações pró queda da tarifa de 3,20 eu embarquei meio cético. Quando a tropa de choque fudeu com tudo fiquei uma arara. Quando estourou a manifestação na segunda, eu precisei me ausentar. Mas passei na paulista depois, vi, senti e me senti realizado.
Até ontem, quando fui assistir filme, não consegui passar e preferi passar na paulista para conferir o movimento. não vi radicalismos de parte alguma. mas como sempre quando o que há é a massa senti um certo friozinho no ar.
Voltei.
Sexta agora tem manifesto contra a lei antigay. vou. Sábado, contra a pec 37. vou.
Eu sinto finalmente que a política faz parte da vida do coletivo.
Fico feliz de estar vivo nesta época maravilhosa.
Mas sempre com o vinagre em mãos.

Comentários