Mandei à Piauí um email sobre a matéria que eles fizeram sobre o Mais Médicos.
Bom, creio que ao se falar de Cuba o pessoal ainda fique meio a ver navios.
Vou contar agora algo do que vi quando fui para lá, em 2005.
Cuba tinha duas moedas - ainda tem, mas está havendo um certo afrouxamento. As moedas eram pesos cubanos - para cubanos - e dólares - para gringos. A diferença entre as duas, naquela época, era de 24x.
Bom, o hotel onde eu me hospedava tinha diária de 100 dólares - nem tanto, para falar a verdade, dado o hotel em questão - realmente luxuoso. O hotel ficava num bairro afastado, bem cuidado, anteriormente da classe alta cubana. Distante de El Vedado, por exemplo, o bairro mais charmoso de Havana, da antiga classe média.
Não me lembro exatamente da proporção, mas alguns cubanos me disseram: o cubano ganha MUITO mal, MUITO MENOS do que qualquer medida ocidental, e por isso sabe que se conseguir pegar moeda estrangeira pode se ver muito bem, ao menos temporariamente.
Ou seja, gringo era como naqueles desenhos em que um sujeito se torna um frango para aquele com muita fome: uma tentação.
Lembro-me bem: peguei um coco, um táxi de Havana, e as garotas, umas mulatas gostossérrimas, chamavam ao longe: ei, gringo! Havia muitas histórias de gente que se metia com cubanas, ia em lugares desconhecidos - para eles -, era sequestrada, roubada e etc. e tal. Gringo era uma tentação.
Diria que isso seria mera história da carochinha se EU não tivesse sido sequestrado. Mas fui.
Estava com um amigo colombiano. Entrei na onda de um sujeito que disse que nos ia mostrar a Havana real. Fomos com ele. Passamos em becos escuros, muito ruins mesmo, chegamos num café em que o Hemingway se deliciava, e de repente, pumba! chegou um cara enorme, mal-encarado, com outros sujeitos, e pegou todo nosso dinheiro e celulares. Passamos aperto, realmente. Os caras então sumiram e estávamos sem nada no meio de lugar algum. Um casal, num carro melhor do que os que vemos nos jornais, entendeu nossa situação e nos levou ao hotel, traumatizados. Traumatizados, mais ou menos. Eu estava bem. Queria passar por aventuras. Passei.
Bom, o que deve querer dizer, a um cubano que tem um pão e um ovo de refeição todo dia, ganhar 10 mil reais? O que significam 600 dólares (muito mais do que o normal) na conta de um médico, tão logo ele volte a Cuba? Muito. Mas façam as contas. A tentação deve ser imensa.
Teria algo mais a contar sobre Cuba, mas deixo para depois. Fiquem com isso por enquanto.
Entenderam agora?
Bom, creio que ao se falar de Cuba o pessoal ainda fique meio a ver navios.
Vou contar agora algo do que vi quando fui para lá, em 2005.
Cuba tinha duas moedas - ainda tem, mas está havendo um certo afrouxamento. As moedas eram pesos cubanos - para cubanos - e dólares - para gringos. A diferença entre as duas, naquela época, era de 24x.
Bom, o hotel onde eu me hospedava tinha diária de 100 dólares - nem tanto, para falar a verdade, dado o hotel em questão - realmente luxuoso. O hotel ficava num bairro afastado, bem cuidado, anteriormente da classe alta cubana. Distante de El Vedado, por exemplo, o bairro mais charmoso de Havana, da antiga classe média.
Não me lembro exatamente da proporção, mas alguns cubanos me disseram: o cubano ganha MUITO mal, MUITO MENOS do que qualquer medida ocidental, e por isso sabe que se conseguir pegar moeda estrangeira pode se ver muito bem, ao menos temporariamente.
Ou seja, gringo era como naqueles desenhos em que um sujeito se torna um frango para aquele com muita fome: uma tentação.
Lembro-me bem: peguei um coco, um táxi de Havana, e as garotas, umas mulatas gostossérrimas, chamavam ao longe: ei, gringo! Havia muitas histórias de gente que se metia com cubanas, ia em lugares desconhecidos - para eles -, era sequestrada, roubada e etc. e tal. Gringo era uma tentação.
Diria que isso seria mera história da carochinha se EU não tivesse sido sequestrado. Mas fui.
Estava com um amigo colombiano. Entrei na onda de um sujeito que disse que nos ia mostrar a Havana real. Fomos com ele. Passamos em becos escuros, muito ruins mesmo, chegamos num café em que o Hemingway se deliciava, e de repente, pumba! chegou um cara enorme, mal-encarado, com outros sujeitos, e pegou todo nosso dinheiro e celulares. Passamos aperto, realmente. Os caras então sumiram e estávamos sem nada no meio de lugar algum. Um casal, num carro melhor do que os que vemos nos jornais, entendeu nossa situação e nos levou ao hotel, traumatizados. Traumatizados, mais ou menos. Eu estava bem. Queria passar por aventuras. Passei.
Bom, o que deve querer dizer, a um cubano que tem um pão e um ovo de refeição todo dia, ganhar 10 mil reais? O que significam 600 dólares (muito mais do que o normal) na conta de um médico, tão logo ele volte a Cuba? Muito. Mas façam as contas. A tentação deve ser imensa.
Teria algo mais a contar sobre Cuba, mas deixo para depois. Fiquem com isso por enquanto.
Entenderam agora?
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