Poder

Moro num condomínio de grande porte. São 450 apartamentos. Um faturamento da casa de centenas de milhares de reais.
Um condomínio de cujo conselho participo há mais de um ano, após a passagem do bastão a um grupo de moradores realmente insatisfeitos em como as coisas iam sendo conduzidas pela gestão anterior.
Pegamos o condomínio praticamente falido. Não irei entrar em detalhes.
Foram necessárias muitas reuniões, questionamentos, aconselhamentos, conflitos e disputas para que passado mais de um ano o condomínio conseguisse montar um caixa bem alentado e pudesse botar ordem na casa de diversas formas - inclusive disciplinares. Não foi fácil, mas também não foi sumamente difícil. Muito do trabalho coube à síndica recém-eleita e sem qualquer experiência, mas o conselho foi atuante esse tempo todo e impôs sua voz quando foi necessário. No caso, eu sou um dos (agora) cinco membros do conselho (dois foram recém empossados) que contribuiu para que as coisas não desandassem. Acabamos todos nos conhecendo bastante bem, aceitando as peculiaridades de cada um como ser humano falho, mantendo o respeito entre si. Posso dizer que desde já essa gestão foi um sucesso - e os moradores reconhecem.
Ontem teve mais uma reunião do conselho. Chamamos uma empresa de individualização de gás, para que ela expusesse sua proposta. Cheguei uns 20 minutos atrasado e tiramos várias dúvidas.
Num determinado momento, a síndica expressou sua real insatisfação com uma prestadora de serviços. Houve colocações de todas as partes, colocando as coisas em moldes mais prudentes, mas ela realmente não está satisfeita. Tem a ver com ações rolando, envolvendo diversas pessoas, e com a aparente inação da atual administradora.
Num determinado momento da reunião, bem ao fim dela - na qual fui incumbido de falar com a administradora -, eu simplesmente perguntei: escuta, vocês querem trocar de administradora? Pura e simplesmente, é isso? Houve apartes variados.
Pois bem, ficou acertado que iremos dar prazo a ela. E que possivelmente a troquemos mesmo. Mas o que eu quero dizer com isto tudo? Digo que não é preciso de nada. Se estamos insatisfeitos, podemos fazer o que quisermos afinal. Não é necessário ter tanta prudência assim. É preciso saber o que se faz, sim. Mas prestador de serviço é o que neste país não falta. Querem dar uma canetada? Façam.
Pois sinto que para muitos fazer uso do poder é algo quase constrangedor.
Não deveria.

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