A disputa estadual e a baixa qualidade de nossas opções

Ontem, enquanto resolvia questões relativas a minha base de dados sobre teatro, utilizava o controle remoto e acabei me deparando com um debate entre candidados ao governo do Estado promovido pela Band. Lá estavam alguns políticos com alguma chance na parada - embora admitindo que o Alckmin, não presente, consiga, pelos dados atualmente apurados, ganhar o pleito no primeiro turno - e outros ilustres desconhecidos, de legendas como PV, PRTB e quejandos (para quem não sabe o q que isto significa, é "do mesmo tipo").
Eu prestei mais atenção ao Skaf e Padilha. Este último me causa real antipatia desde o último Roda Viva de que ele participou, e no qual ele realmente NÃO RESPONDIA NENHUMA DAS PERGUNTAS SOLICITADAS - quem na ocasião chamou a atenção a este fato foi o bom jornalista Fernando Rodrigues. Já o Skaf me irrita um pouco pelo oportunismo patente de vários de seus movimentos desde que parece haver decidido sair do quase anonimato para pegar a política graúda. Mesmo assim, contudo - e vacinado pelo horário político, que, com grata surpresa, passei a assistir detidamente, apesar dos pesares -, ouvi com atenção o que diziam.
Bom, eles prometem. Provocados por um ou outro jornalista, Skaf e Padilha fazem uso de sua breve história - cá entre nós, o Padilha é novato, realmente, na política, apesar de seu traquejo de político à la antiga - para reforçar que vieram para valer. Ora no quesito saúde, no qual Padilha diz se destacar - tudo o que foi feito nos últimos meses parece ter sido da lavra dele, quando sabemos que ele pegou carona numa gestão interessante de um antipático Serra -, quanto no quesito segurança, em que Padilha - este, de novo - quer juntar todas as forças num comando único - como se isso fosse fácil (a Caros Amigos dedicou um exemplar inteiro ao tema e não esgotou o assunto). Neste quesito, aliás (segurança), de repente Skaf se via sem proposta inovadora, daí ele repetir que é um político que veio para valer.
Mas reparei também nos outros candidatos, nos nanicos. E uma inevitável surpresa foi notar o quão despreparados eles parecem ser. Não digo somente nos argumentos que eles usam respondendo aos questionamentos para melhorar o Estado. Digo nas propostas, digo na segurança de se proporem a dizer alguma coisa que pudesse diferenciá-los dos demais - que é o que eles mais querem, claro, até para crescerem. Parei de ouvir o que diziam ao ouvir o candidato do PV propor um rodotrilho. Meu Deus. Como é que ele propõe uma coisa dessas, meu Deus? Sequer irei entrar no argumento que ele usa de descongestionar os trilhos (de onde ele tirou isso?).
Lembro-me de quando o Rodoanel foi proposto. De todas as idas e vindas do projeto, de todos os problemas de ordem ambiental, de toda a construção, em etapas e envolvendo uma série de áreas até então pouco habitáveis e hoje bem disputadas por terem se valorizado. Lembro-me de tudo, inclusive das vezes em que eu precisei pegá-lo, indo atrás da Bandeirantes ou da Castelo, ou até da Raposo Tavares. Uma proposta que saiu de um governo para virar proposta de Estado. Agora o sujeito propõe fazer o mesmo com trilhos. Peraí, não tem um desses nanicos para a presidência que fala virtualmente a mesma coisa - mas em escala menor, o que até pode ser implementado? Cara, o candidato do PV é médico, e o PV já tem uma certa história.

É aquilo que eu havia escrito antes. O maior problema ao perder um Eduardo Campos é justamente perder um político que levou tanto tempo para se formar, e que apesar de não possuir propostas suficientes para se diferenciar dos outros, tinha todo um novo mundo pela frente. Pois o maior problema com os políticos está, ao que parece, em sua formação. Temos os politiquinhos que temos por isso mesmo. Como eles se formam? Com a escola da vida? Sorry, galera, fico realmente triste ao ver em que ambiente estamos pisando. Como sair dos mesmos se os outros são ainda piores? E nem me refiro ao marketing político por detrás deles, ok? Refiro-me somente à política que vemos todos os dias.

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