Não sei vocês, mas eu
estou realmente estupefato diante da notícia, veiculada nos jornais desta
sexta, que Alckmin está com 55% de aprovação para sua reeleição em outubro
próximo como governador de São Paulo
Desde que me conheço
por gente, eu sempre fui conservador, e até alguns anos atrás votava no PSDB.
Larguei disso sei lá como e hoje tendo a votar no PT, com muitas ressalvas.
Lembro-me de haver votado no PT nas últimas eleições de que participei -
penúltimas na contagem geral, pois justifiquei a última.
O motivo da virada
foi 2008. Eu sempre comprei a The Economist. Sempre gostei de sua abordagem dos
assuntos, apesar de seu ponto de vista extremamente conservador. Mas, com a
crise de 2008, me deparei, num filme, com o fato de Alan Grespan ter sempre
sido incensado pela revista. Acontece que Grespan foi, mutatis mutandis, um dos
grandes responsável por aquela crise, que tanto afetou o mundo, embora nem
tanto o Brasil. Esse foi um dos pontos. Outro foi o fato de Piketty, aquele economista,
haver provado, de forma acachapante, que O Capital de Marx estava certo. Mais
vale, em termos de taxa de lucro, concentrar a riqueza do que simplesmente
produzir - aquilo que resta àqueles que não possuem o capital. Daí a mudar
minha visão das coisas foi um passo.
Desde então, e por
vários outros motivos, tenho aprendido a recusar qualquer benevolência para com
os tucanos. Eles me irritam, quase sempre. Notei aos poucos como eles são
desligados do poder do povo, como eles os olham, aos populares, com desdém,
como eles não entendem a posição desses que nunca tiveram nada, ou tiveram
muito pouco. Percebi que eu era um tucano pobre e ridículo. No fundo, tornei-me
o que sou, um empregado consciente dos fatores envolvendo o poder. E entre
esses fatores está a empáfia ou ausência de empáfia de quem encarna o poder.
Mas caberia
entendermos por que São Paulo vota de forma tão acachapante nesse cara. Não é
possível que as pessoas não percebam o descalabro da gestão da água - não digo
da falta de água, que disso ele não é responsável -, da gestão da água. Não é
possível que as pessoas não percebam o atraso nas posturas do governador diante
dos protestos de junho de 2013 e de vários outros posteriores. Não é possível
que as pessoas não tenham se informado sobre a corrupção nos governos tucanos
envolvendo o metrô - e das artimanhas dos caras de se safarem dessa. Não é
possível que as pessoas não percebam o quanto estes governos tucanos congelaram
o Estado. Mas não, eles votam com ele.
Deve ser porque o
brasileiro se acostuma a confiar naquele a quem ele dá uma chance. Acontece
sempre nos ambientes de que faço parte - condomínios. Basta o síndico ser um
cara honesto, forte e aberto ao mesmo tempo que ele necessariamente é reeleito.
Aconteceu comigo. Vem acontecendo em todos os condomínios que conheço. As
pessoas parecem querer do eleito que ele cuide daquilo que o cidadão comum não
tem paciência de cuidar. Não querem se preocupar. Claro, por sua vez, os
cidadãos que assim votam costumam não participar de nada. São inertes. Só se
mexem na hora da eleição - que deve, segundo ele, premiar quem ficou com a
batata quente. Mas isso é pouco. Muito pouco.
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