De alguns anos para
cá, destôo do gosto que a cobertura política dos jornais dá aos assuntos dessa
órbita. Destôo porque noto que muito do que se fala faz parte do anedotário que
faz com que a política pareça distante de nós, mortais. Eu preferiria que a
cobertura fosse mais profundamente em programas, em políticas públicas, em
compromissos a se focar tanto em maiorias ou coisas que o valha. Mas sou
minoria, e portanto parte vencida.
Uma exceção se deu
agora que os jornalistas debatem como seria um eventual governo Marina. Desde
colunistas que já vêem em seus atos - de Marina - uma coerência que não viam há
algumas semanas, passando por comentaristas que parecem dar por vitoriosas
tendências que - cabe lembrar - se dão a 30 dias da votação, até a própria
cobertura dos maiores cadernos dos maiores jornais, que questionam a si mesmos
quanto à viabilidade de governos conduzidos por esse quase novato nas lides
governistas, que é o PSB. Quase novato, sim, mas tradicional dialogador com
outro dos pólos tradicionais, o PSDB. Deixo de lado um pouco o PMDB porque este
merece um artigo todo para ele. Afinal, em que se baseia boa parte do queixume
dos contraditórios em relação ao governo petista se não ao fato de este haver
precisado tanto dos PMDBistas sem que isso pudesse se traduzir em políticas
coerentes com o desejo dos petistas maioritariamente paulistas?
O que dizem, em
última instância, os artigos sobre o futuro governo Marina? Que entre os
oposicionistas aos petistas a grande maioria estaria desde já fechado em apoiar
um futuro governo dela. Ora citam tradicionais interlocutores com o PSB dentre
a miríade de PSDBistas, ora citam semelhanças entre as candidaturas, o que
forçaria uma aproximação entre as legendas. Disso quase ninguém esperava. Muito
interessante o resultado da Moira, do destino, ou da Fortuna, para outros,
nessa sucessão que era, até poucas semanas atrás, uma verdadeira incógnita. E
não é que as coisas parecem agora fazer sentido? Só a Fortuna mesmo para fazer
isso. Só ela.
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