Redes sociais: as bobagens espalhadas sobre o atentado

O atentado a Bolsonaro, que está a meu ver tratado como merece - mesmo dadas as condições psicológicas do sujeito, como crime de Segurança Nacional -, deu margem a uma disseminação exacerbada de opiniões nas redes sociais. Como tudo que envolve opinião, claro que cada um tem o direito de pensar como quiser. Mas tão absurda foi a série de bobagens que cabe aqui falar algo a respeito.

Ninguém é obrigado a entender de política. Ninguém também é obrigado a acompanhar tudo de perto para opinar alguma coisa. Claro, cada um tem seus critérios para abordar notícias, boatos e opiniões espalhadas a torto e a direito. Mas a necessidade de um certo bom senso é premente, sempre. Ainda mais pela importância do tema - um atentado contra um candidato a presidente.

Mas nos comentários que saíram houve em grande parte um afobação tão grande de falar asneira, assim como uma incapacidade tão básica de entender que uma coisa é fake new, outra conspiração, outra um aproveitamento eleitoral dos eventos, etc., que parece-me que as pessoas (muitas) não sabem ou não querem realmente entender o que é real daquilo que é mera imaginação. Parecem-me tão malucas quanto o louco que pegou a faca.

Um conhecido, bastante presente quando gente em roda de bar fala asneira, questionou a foto de Bolsonaro sendo preparado para uma operação. Não havia sangue, etc. Muitos questionaram isso, e saiu matéria desmentindo a farsa. Outros, num nível ainda mais básico, questionaram a foto de Bolsonaro já com o corte mas com a camiseta sem sangue. O mesmo foi necessário - uma matéria. Outros questionaram que a faca estava coberta por papel. E lembraram da bolinha de papel a José Serra.

Foram montadas séries de fake fotos com Bolsonaro feliz no meio dos médicos. A mídia comprovou a falsidade. Outros divulgaram fotos fake do autor dos atentados em meio a Lula e trupe. Teve de tudo. Teve muita má-fé, muita ignorância, uma ausência absoluta de escrúpulos para falar o que dava na telha. Poucos pareceram optar por ponderação. Sei como isso se dá na prática. Muitos sempre se aproveitam dos gritos para ganhar em cima. Isso acontece muito em reuniões de condomínio, por exemplo. Nisso a ocasião não destoa da vida real.

Ontem, um grupo de crianças me parou no corredor para me perguntar sobre uma mentira que gente escrota espalha a meu respeito. Falei com elas, e pareceram gostar. Se eu não tivesse falado, elas ficariam com o erro de má-fé na mente.

Falando, elas pareceram ficar à vontade para opinarem. Pois é assim que funciona a mentira, ela paralisa vc, te deixa preso/a a ela, e você não sabe mais praticamente opinar com sua razão. A mentira de má-fé captura tua liberdade, e te deixa como um bicho enjaulado a preconceitos. Assim também funcionou neste caso do atentado. As pessoas pareciam presas a algo que as dominava, e que as impedia de raciocinar. É algo muito comum. Mas a dimensão foi espetacular.
Para quem gosta de analisar o ser humano como objeto de estudo, um prato cheio.

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