UMA ELEICAO COM BANDEIRAS MORAIS DUVIDOSAS

Recentemente, uma amiga de face me mandou um artigo do Pablo Ortellado sobre Bolsonaro. O artigo fala aquele tipo de obvio ululante, de que Bolsonaro nao ee necessariamente fascista, que nao ee nacionalista no sentido mais estrito do termo, e de que ele recupera uma forma de fazer politica embasada em assuntos de indole moral.

Nao ee estranho que se chegue a essa conclusao. O panorama realmente parece, no caso do Bolsonaro, recuperar condicoes para uma pessoa como ele, sem quase formacao alguma, ganhar no grito um pleito com base em lenga-lenga contraria a minorias e como que dando uma de Rambo em problemas complexos (como o da seguranca publica).

Ocorre que os outros, que navegam a contra corrente, parecem ter desejado que isso acontecesse. Pois, tirante o aspecto positivo das cotas e do combate a preconceitos, pululavam, durante muito tempo, demonstracoes de arrogancia explicita de gente que parece fazer pouco caso dos bons costumes - que, estes sim, existem, e sao cultuados por uma imensa maioria.

Nesse sentido, os transexuais que se imolavam em publico dando uma de jesuses, os artistas que faziam demonstracoes politicas cagando em publico, os performers que adoram provocar desconsiderando que vivemos numa sociedade de ignorantes, acabaram pagando em dobro por demonstracoes de desprezo a si mesmos. Nao estou dizendo que eles merecam isso: mas eles enfrentam a onda contraria aa sua arte, agora sob a egide das urnas.

Chega a ser risivel ver sujeitos limitados como o Daciolo conquistarem a simpatia da claque, e sujeitos bastante serios (embora dos quais eu discorde) como Amoedo sendo deixados ao leu porque o debate gira agora em torno de quem ee mais aparelhador, manipulador ou racista, dentre todos os que disputam. Como eu mesmo ja havia previsto (o que nao tem nada demais), o debate gira em torno de bobagens, ate o fim das campanhas. Ou de mentiras, de quem quer algum destaque por meio dos holofotes.

Enquanto as eleicoes se aproximam, vemos entao as bandeiras transitarem em lemas de indole moral, alguns bem duvidosos, e outros que nao parecem fazer qualquer mencao aa importancia do cargo desejado. Ver um militar aposentado fazendo pouco caso de mulheres com filhos, e uma claque enorme de gente dizendo, simplesmente, bala neles, ee de doer. Nem parece que vivemos num pais, realmente. Parece que vivemos numa oca de gente perdida sem qualquer nocao daquilo que o mundo ee.

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