Noto que os jornais
dão excessiva importância ao veto da presidenciável Marina ao casamento de
pessoas do mesmo sexo, à equiparação da homofobia ao racismo enquanto crimes e
ao desenvolvimento de material didático para a conscientização sobre
diversidade de orientação sexual e sobre novas formas de família. Pego a
listagem de temas aos quais ela deu veto (tardio) da manchete de O Estado.
Por que excessiva
importância?
Bom, não tive acesso
(ainda) a todos os dados que deveriam permitir entender a subida repentina da
ex-ministra nas intenções de voto (espontâneas) para a presidência da
República. Tentei, mas não consegui (ainda).
Mas só coloco uma
questão: acaso vocês acham que a subida de Marina deve se dar necessariamente
pelo fato de ela esposar demandas contrárias aos itens acima? Eu diria que essa
questão é (ainda) uma incógnita. Por quê? Argumento dizendo que Marina passa a
impressão de novidade seja lá quais forem as bandeiras que defende. Na verdade,
a atenção da imprensa ao elenco de propostas de sua parte vem notadamente do
fato de que sabemos, afinal, relativamente pouco quanto àquilo que ela
realmente pensa, quanto àquilo que ela realmente vai continuar defendendo ou
vai passar a defender a partir de pressões do PSB e quanto àquilo a que ela
realmente vai dar destaque dentre todo esse leque de propostas.
Nesse sentido,
torna-se mera precipitação achar que ela realmente mudou todo o panorama da
sucessão. Ainda temos mês e pouco para todos eles, todos os candidatos,
realmente indicarem a que vieram. Claro, alguns - como articulistas da Folha -
irão argumentar que para as pessoas no fundo tanto faz quais são as propostas
desses presidenciáveis - eles votariam na verdade mais pela aparência ou por
aspectos outros desligados do conteúdo específico das propostas. Mas não iria
tão longe. Vivemos um período interessante: as pessoas se informam, debatem nos
bares - como eu mesmo tenho visto nestes rincões (moro em Taboão da Serra) -, e
ainda debaterão bastante até se decidirem. Quem acha que questões como
casamento gay e quejandos são tão importantes não percebe que isso é, no fundo,
mera perfumaria na questão Presidência. Dirão que isso determina se a liderança
em questão está realmente sintonizada com as mudanças sociais. Pode ser. Mas nem
por isso essas questão deveriam ser assim tão determinantes. O panorama é mais
complexo, pessoal. E, cá entre nós, qual o problema de ela retirar esses pontos
do programa? Acaso isso impede que essas bandeiras sejam defendidas pelos
grupos e que os jogos de força a respeito continuem? Não.
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