Assisti ontem parte
do debate entre os presidenciáveis.
O que me surpreendeu
foi a previsibilidade do que disseram. A gente - jornalistas e povo em geral -
costuma também dar forte atenção àqueles aspectos mais subjetivos de analisar a
aparência dos pretendentes. Nesse sentido, peguei-me refletindo naquilo que
Dilma, Marina, Aécio e os outros aparentavam. Não irei fazê-los perder tempo
com reflexões sobre Levy e Everaldo.
Dilma aparentou
insegurança. Nas poucas vezes que respondia perguntas de Marina, Dilma parecia
impaciente - como se fosse obrigada a demonstrar o que não precisa - que sabe
gerir o que ela diz saber gerir. Ocorre que isso não retira o fato de seu
governo estar patinando e não de agora na economia - principalmente. Ela disse
que governar não é fácil - requer maiorias e tudo o mais -, mas isso todo mundo
sabe. Resta saber se ela sabe fazer mesmo com tantas dificuldades para fazer. E
não sabe. A história recente já demonstrou isso.
Já Marina aparentou,
completamente ao contrário de Dilma, uma segurança que parecia não retirá-la do
rumo certo de dizer o que - acha - o povo irá acolher com agrado. Tanto que,
enquanto rebatia pergunta de Luciana Genro, sobre essa questão de ter voltado
atrás nas questões LGBT etc., soube MENTIR e retirar a atenção daquilo que era
realmente importante - sua submissão a interesses de grupos radicais - em
termos religiosos, claro. Pois ela mentiu, como já mostraram participantes da
criação de seu programa de governo, que se dispuseram a dar sua versão nos
meios sociais. Mas o que importa é que sua segurança garantiu-lhe saber retirar
a atenção de quem ouvia daquilo que poderia ser um ponto fraco em sua
candidatura.
Aécio parecia seguro,
mas é como se ele não tivesse mesmo ficado de fora do mais importante - da
disputa pelos primeiros lugares. Parecia como se ele não acreditasse em ter
perdido um dos pólos da polarização da eleição - como se o mundo da política
nacional brasileira ainda fosse entre PT e PSDB. Fiquei pasmo com sua segurança
- embora suas críticas ao governo petista fossem realmente previsíveis. Ele no
fundo prestou-se a tentar enfraquecer Dilma - como se ela estivesse em questão
- e não Marina. Aécio pode estar míope - ou pode realmente não querer enxergar.
Repliquei no face um post de um dos meios de comunicação do Valor em que se
fala da renúncia de Aécio em apoio a Marina. Já? Pensei. Já. Mas, a depender do
candidato, ao que parece isso não irá ser fácil.
É curioso, nisso
tudo, como as patentes qualidades de alguns dos candidatos nanicos - prefiro
ater-me a Genro e Eduardo Jorge - não parece surtir efeito algum. O discurso de
Genro parece datado de décadas atrás, de quando eu fazia jornalismo e filosofia
na faculdade, e em que a polarização esquerda-direita ainda parecia explicar
alguma coisa. Já o de Eduardo Jorge pareceu-me realmente folclórico - muito
embora ele pudesse apostar numa via mais séria, mais de discussão de programas
- mas isso, parece que nenhum deles quer.
Estou lendo os
programas dos três maiores, tentando identificar em que medida as coberturas
dos meios realmente estão interessadas nos aspectos mais cruciais da lide de
uma presidência. Mas creio que vá ser tempo perdido. O embate entre Kennedy e
Nixon parece ainda dar as cartas: o embate entre aparências.
Comentários